Em Santa Cruz, Galápagos estávamos ancorados próximos ao
Guruçá com Fausto e Guta. Conseguimos finalmente conviver um pouco e jogar
conversa fora. Paula e Guta trocaram livros, Fausto e eu lorotas em geral,
principalmente sobre barcos, peças, manutenção e previsão de tempo.
E logo chegou o trio Fafa, Lulu e Mumu: Fábio, Luiz Bruno e
Murilo, nossos grumetes a serem torturados pelas próximas 3 mil milhas até Hiva
Oa, nas Ilhas Marquesas. Para amolecerem o coração do capitão -todo resto já está
bem mole faz tempo- nos encheram de presentes e mimos. Cachaças, charutos,
chocolates, ferramentas, uma caixa de pesca equipadíssima, molinetes, uma lista
infindável. A Paula foi agraciada com dois presentes maravilhosos da Gabriela e
Jane – uma caixa de bombons super especiais, que foi cruelmente predada pelo Fábio
e uma bata extra hiper show que a deixou ainda mais linda. Obrigado meninas,
espero que seus queridos tenham aprendido as lições que tão arduamente tentei
adestrar nestes náuticos dias.
Fomos a Isabela, a maior ilha de Galápagos. Muito de tudo. Vulcões,
lobos marinhos, tubarões, iguanas, tartarugas e pinguins! O trio fez uma saída
com um pescador local e voltaram forrados de peixe. Disseram que nunca haviam
visto tanto peixe. Atuns, dourados, wahoos. E juntos fizemos um passeio de
lancha para um snorkel com tartarugas, tubarões e pinguins, além de um passeio
em terra visitando vulcões e crateras abissais.
Mas muitas milhas nos esperavam, as fofas estavam impacientes
para navegar e zarpamos. Vento bem fraquinho e demos uma ajudinha com o motor.
Mas logo vieram ventão e marzão que nos acompanharam até Hiva Oa. No início
vento e mar estavam numa direção aquém de boa e usamos bem pouco pano para
reduzir a velocidade e consequente chacoalhação. Depois tudo foi se encaixando
e ficando muito agradável. No finalzinho popa rasa e velejamos só com a
bujinha, já que nosso balão era muito leve pro ventão.
Uma pequena falha na bomba d’água do gerador me obrigava a
sugar a mangueira de admissão todas as vezes que ligávamos o gerador (2 vezes
por dia), uma tala da vela grande escapou e claro, o hidráulico do leme
continuou com problemas e velejamos com o leme de boreste fixo e somente o leme
de bombordo conectado ao piloto automático.
20 dias de velejada ininterrupta, coisa linda. Seguramente
poderíamos ter feito em menos tempo, mas não precisava. Mantivemos um bom
ritmo, poupamos o barco e tripulação.
Por falar em tripulação, desconfiamos que algo passa na
cabine de proa a boreste. O Sérgio e Freddy ficaram lá e só dormiram. Desta vez
foi o Fábio, que, vejam vocês, também só dormiu. Não, minto. Dormiu e comeu. Formigão
e puxa-saco, bajulou a Paula até não mais poder, apelidou-a de Sininho etc. e
tal, mas o interesse mesmo era pelos chocolates, guloseimas e comidas em geral.
Trouxe consigo, ouviu e assistiu um DVD da Paula Fernandes a exaustão, a Paula
daqui até decorou algumas músicas e coreografia.
Mumu dedicou-se incansavelmente a pesca, mas infelizmente
com pouca sorte. Aliás, todos os barcos com que falamos também pescaram muito
pouco. Vai se saber... Cansado de tanto trabalho infrutífero o Murilo deixou a
barba crescer, besuntou as caixas de ferramentas e meio barco com WD e instalou
os novos alto-falantes que trouxera de presente.
Mas ele queria mesmo é pescar e junto com seu comparsa Fábio
pregou uma peça das boas: construiu um peixe artificial com embalagens de
leite, uísque e silvertape, ficou impecável. Numa das manhãs começa a gritaria-
peguei, peguei e lá está o Murilo trabalhando a linha com visível esforço.
Aquela expectativa e... o peixe falso! Cada uma.
O Luiz, gourmet com tendências asiáticas em suas receitas
deu grandes contribuições ao cardápio, além de ser o especialista em música e
charutos de bordo. Final de tarde, lá estava o LB selecionando o puro do dia,
girando um a um cuidadosamente próximo ao ouvido. E todos os dias também
proporcionava aos cubanitos elaborados banhos de sol para mantê-los “no jeito”.
Nos turnos, trabalho dobrado: manter o barco e controlar o
Fábio em seus ataques aos doces. Mas ele teve seu dia de gloria, já que
completou “mais uma volta ao sol” durante a travessia, data que foi devidamente
celebrada.
Grandes contadores de causos, esses três formaram uma
excelente tripulação. Sempre bem humorados e dispostos a encarar o que quer que
fosse. Nos dias mais calmos jogávamos tranca e king por longas e agradáveis
horas.
E a Paula, claro, foi como sempre impecavelmente perfeita.
Alimentou o bando com refeições variadas, saudáveis e saborosas apesar da falta
de peixes. Apesar do lado masculino da tripulação querer poupa-la dos turnos,
não teve conversa, insistiu e fez seus turnos.
Em Hiva Ao alugamos um carro e demos um maravilhoso e
cansativo passeio ao redor da ilha, deslumbrante. E lá se foram nossos amiguinhos
de volta ao Brasil.
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