Boletim de Puerto Ayora, Galápagos.
Tudo vai bem, obrigado. Muita atividade, revendo alguns lugares
e conhecendo alguns novos, além da indefectível manutenção.
Antes de sairmos do Panamá curtimos nossa penúltima parada
em Perlas com a animada turma do J. Carlos, Fernando, Alex e suas respectivas
chefes Silvana, Cris e Vanessa. Tivemos a suprema sorte de nos deparar com um
bando de orcas pigmeias (um tipo de golfinho) e conseguimos boas fotos. O
Fernando resistiu à tentação e não tentou pesca-las, acho que o único momento
em que tirou a linha da agua. Todos se comportaram muito bem. Muita
descontração, praias, passeios, jogatinas e papo furado. As meninas se
esbaldaram ao sol e os meninos pescaram. Menção honrosa as caipirinhas do JC, o
momento mais esperado do dia.
Retornamos a Panama City e engatamos um ritmo alucinado para
preparar o barco para a travessia até Galápagos e receber uma turma de cuecas:
Demian, Fernando, Freddy, Luiz e Sergio.
A Paula se saiu muito bem, como sempre, com sua parte - as
provisões foram realizadas com precisão e êxito absoluto e o barco ficou um
brinco. Já este pobre escriba continuou apanhando do sistema hidráulico do leme
e também teve um dia daqueles ao preparar a documentação para saída do país.
Dois tripulantes tiveram seus passaportes carimbados com as datas de entrada erradas
e com isso vivi um momento despachante, com inúmeras idas e vindas entremeadas
por longas esperas nas diversas repartições públicas espalhadas pela cidade. Um
procedimento que demoraria 40 minutos tomou meio dia (claro que até chuva
peguei montado na incrível e possante Fúria Negra). No final, depois de
pagarmos mais uma boa grana de taxas, os tripulas puderam exibir orgulhosos
seus passaportes carimbados “marineros”.
Ao voltar ao barco e conversar com a tripulação sobre
segurança, equipamentos etc fui fustigado com perguntas e ansiedades de todo o
tipo pelos mais preocupados. Algumas muito pertinentes, como se os tripulantes
em turno a noite teriam acesso a guloseimas e petiscos. Que dia...
Estávamos muito, muito cansados e resolvemos sair no dia
seguinte e passar um dia na ilha Chapera, em Perlas para um último mergulho,
relaxar e mais uma noite boa de sono.
Saímos pela manhã com previsão de ventos fortes, acima dos
25 nós. A previsão se confirmou e nos dois primeiros dias velejamos em popa
rasa (vento favorável) com boa velocidade usando só um pedacinho da buja (vela
de proa). Depois um dia de calmaria, dois de vento e mar contra. Sempre de olho
na previsão de tempo, atingimos uma região de ventos favoráveis e foi uma
beleza. No final tivemos que rizar as velas (diminuir a área velica) e dar uma
seguradinha para não chegarmos no meio da noite. 7 dias de navegada excelente,
tempo bom e temperatura ideal. Os lemes seguiram desalinhando e fizemos a maior
parte da navegada com apenas um deles conectado ao piloto automático. Vou me
especializar em purgas, não aguento mais.
No caminho alguns eventos dignos de nota:
1. Fisgamos um wahoo de 20kg, lindo. Preparado como sashimi,
ceviche, assado, moqueca ficou sempre delicioso e nos alimentou por várias refeições.
2. Cruzar a linha do Equador. Manda a tradição que os
tripulantes novatos devem ser aceitos por Netuno no outro hemisfério e para
tanto, tem que oferecer uma prenda. Desta feita foi ofertado um excelente show
semi-erotico. As meninas ficaram lindas em suas roupas intimas, perucas e com
uma coreografia intensa, ritmada. Olha, nem desfile da Victoria`s Secret bate
esta performance. Aprovados com louvor, os cruzantes de primeira viagem
passaram por uma linha simbólica estendida no convés e foram recebidos
carinhosamente pelo magnânimo Netuno.
3. O Sergio, como era de se esperar, dormiu a maior parte do
tempo. E esquivou-se o quanto pode de lavar a louça.
4. O apetite do Freddy. O jovem mancebo de 70 anos fazia 12 refeições
por dia. Acordava umas 6 da manhã, mandava ver numa tigela de cereais, voltava
pra cama. Assim que o café era servido (uma ou duas horas depois) mandava ver
noutra cumbuca de cereais e no que mais estivesse a mesa, principalmente
geleia. La pelas 10:30 preparava seu primeiro almoço. A uma da tarde almoçava
com a tripulação. 15 hrs, horário de um lanchinho e/ou cereais. 7 da noite,
jantar com a tripula. 10:30 da noite, cereais. E sempre acordava no meio da
noite para uma boquinha. E olha que a criança se alimentava bem em cada uma das
refeições, comia mais que todos os marmanjos. Mas também, coitado, como o filho
Sergio, ele dormia bastante e precisava repor as energias. Dizem que as frutas
nunca caem longe do pé...
Chegamos a San Cristobal de manhazinha e assim que ancoramos
os lobos marinhos já vieram dar uma olhada. O Fernando caiu na agua e iniciou
um relacionamento que iria durar toda nossa estada: sua/seu amiguinho subia
todas as noite no barco para visita-lo. Colocamos defensas, galões e tudo mais
nos degraus na popa mas não tinha jeito. O bichinho sempre dava um jeito de embarcar
e as vezes trazia amigos.
Encontramos Enrico e Giulia do Plum. Muita alegria.
Entregamos o motor de popa que trouxemos para eles do Panamá e ganhamos uma
ancora de alumínio, que íamos comprar. Amigos!
Novos amigos: Kauli e Fernanda, que estavam a bordo do
Itusca/Mormaii. Em Loberia curtimos o Kauli numa sessão de windsurf nas ondas e
depois detonando de SUP. É o cara. E a Fernanda documentando tudo para mais uma
série daquelas que deixam o pessoal sonhando na frente da TV. Deu saudades do
Diogo, Flavio, Morongo, Carlao e James, dos dias juntos aqui alguns anos atrás.
Um ponto alto foi um passeio de lancha até Leon Dormido,
duas rochas imensas cercadas por um mar azul e muito povoado por tartarugas,
arraias, tubarões, lobos marinho, tudo! Que mergulho, inesquecível. Na volta,
mergulhamos na Isla Lobos, em menos de 2 metros de profundidade, com uma dezena
de brincalhões filhotes de lobo marinho que se esmeravam nas acrobacias,
mordiscavam as nadadeiras, focinhavam nossas mãos e câmeras. Cachorrinhos
aquáticos.
A turma se foi e com o Luiz viemos para Sta Cruz. Aqui já
revisitamos algumas crateras, tartarugas gigantes e “Las Gretas” uma piscina
natural em uma fenda nas rochas, impressionante a cor da agua. Nos intervalos,
manutenção. Trocamos um dos carrinhos do trilho da vela grande, reinstalamos
softwares de previsão de tempo, muita faxina, provisionamento, e obvio,
tentativas de purga do sistema hidráulico.
Em breve chegam Fabio, Luiz e Murilo para a próxima perna
até Marquesas. Antes de sairmos das Galápagos queremos visitar Isabela, que
dizem ser também maravilhosa.
Vamos nos falando. Beijos, juízo.
Foto: Demian |
foto: Demian |
foto: Demian |
foto: Demian |
foto: Sergio Israel |
foto: Sergio Israel |
foto: Sergio Israel |
foto: Sergio Israel |
foto: Sergio Israel |
foto: Sergio Israel |
foto: Sergio Israel |
Fantastico! Netuno voce precisa escrever um livro! Gostaria de reforcar que minha fiel foca de estimacao jamais me abandonou, mesmo com os roncos do Nogueira - aka box da mclaren + darth vader - assombrando e assustando qualquer coisa viva em milhas e milhas.
ResponderExcluirPexe querido, sua foca de estimaçao realmente provou amor e dedicaçao a vc... tadinha suportar barulhos assombrosos, so para estar ao seu lado! :-) Saudade de vc...Volte logo!! bjs
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