terça-feira, 5 de julho de 2016

O Reino de Tonga - julho a outubro/15

Após a partida da Nana, Kauli e Janjão começamos a correr atrás da construção de um novo leme pro Pajé.
Já estávamos preparados para enfrentar toda espécie de dificuldade, pois construir um leme não é o mais simples dos projetos e, em Tonga então, desanimador. Fizemos o que podíamos - encomendamos os materiais, preparamos o molde e nos preparamos para a longa espera que sabíamos estar a frente.
Grandes amigos já estavam a caminho. Resignados com nosso barco “lemeta” como disse a Paula, fomos cuidar do resto.
Tonga foi renomeada Ventonga. Caracolas, com venta nesse lugar nesta época. 22, 25 kts todos os dias.
As baleias começaram a chegar e foi tornando-se comum avista-las com seus bebês aos saltos e alegres estripulias.
Sem saltar, mas felizes também, chegaram a Aninha, Dri, Leda, Val e Max. Experientes no Pajé esta turma já havia navegado conosco no Panamá, nas Tuamotu e agora vinham curtir um mergulhinho com as baleias. Além das diversas garrafas recheadas com líquidos extremamente desejáveis, ganhamos também um jogo americano com fotos da viagem anterior, show.
A água estava um pouco mais fria do que o desejável, mas ninguém desanimou: logo no primeiro dia fomos a duas cavernas submersas - Mariner's e Swallow's. Na primeira tem que se mergulhar um pouco mais de um metro de profundidade, nadar por uns quatro e emergir do outro lado em um salão iluminado apenas pela luz que entra pela mesma fresta que vc entrou, filtrada pelo azul profundo do pacífico sul. Um arraso. Uma tênue neblina torna tudo ainda mais mágico.
Swallow's cave é muito maior, uma verdadeira catedral onde consegue-se entrar com o bote. Uma vez lá dentro, é só mergulhar. Diversos cardumes, com zilhões de peixinhos, habitam o local. E, de novo, aquela água e luz mágicas. A gente mergulha um pouco e é cercado por peixinhos por todos os lados. A quantidade é tão grande que não conseguíamos ver uns aos outros quando éramos rodeados pelos cardumes.
Bem, foram vários mergulhos em outros lugares deslumbrantes e não vou chateá-los descrevendo um a um.
Mas não posso deixar de contar um mergulho com uma jubarte. Estávamos ancorados numa pequena reentrância nos corais, entre as ilhas Pau e Ngau, quando avistamos uma gorduchinha nadando em nossa popa.
Pulamos todos no bote e conseguimos nos aproximar bastante, o suficiente para cair de snorkel na água e acompanhar a baleia por inesquecíveis momentos. Mais tarde, mudando de ancoragem, Pajé e baleia ficaram boiando lado a lado, câmeras e fotógrafos a toda.
Entrou um vendaval e fomos buscar abrigo numa baía bem protegida, numa poita, já que o fundo de pouca areia sobre coral liso não ajudava. A Paula caprichou ainda mais na cozinha, ainda tínhamos um bom estoque de vinhos franceses e tudo ficou ótimo.
No penúltimo dia passamos uma tarde deliciosa em Nuku, uma das ilhas mais bonitas e, sem dúvida, com um dos nomes mais instigantes. Dizem que a realeza inglesa vem descansar por aqui as vezes.
Embarcamos nossos amiguinhos em mais uma daquelas avionetas, mas pelo jeito já estão acostumados, pois em Guna Yala e Tuamotu já tinham encarado coisas parecidas.

Repetindo o que ocorreu no ano anterior, pouco depois deles partirem recebemos a Lu e o Chiquinho, outras duas figuras. Desta vez, além das cachaças, as garrafas vieram jateadas com o nome Pajé e os isopores com fotos da temporada na Polinésia Francesa. Nosso enxoval de mesa está um desbunde com tantos presentes temáticos.
Eles não mudaram nada: Lu na água o tempo todo e Chiquinho vigilante, sempre se hidratando. A Lu veio com uma prioridade clara – mergulhar com as baleias. Para garantir, saíram com a Paula em uma expedição local, para passar o dia em encontros cetáceos. Deu tudo certo, foram horas de mergulhos muito próximos, e voltaram a mil. O Chico teve uma jubarte passando por baixo dele tão perto, tão perto, que ficou até com saudades dos tubarões de Bora Bora. Pra Lu, foi pouco, queria mais!
As partidas de tranca seguiram animadas e disputadíssimas, criamos dois monstros.
Voltamos, óbvio, as cavernas e seguimos deslumbrados com a magia da luz e cardumes.
Ancorados em Kenutu, curtimos muito uma piscina natural que se formava na maré baixa, uma tranquilidade cheia de corais, estrelas, peixinhos coloridos e um monte de outros bichos estranhos que não fazemos idéia o que eram. Quem sabe fossem até ETs, vai se saber...
Chiquinho estava impaciente para conhecer Nuku, e fizemos o grand finale por lá. Brincadeiras a parte, o lugar é lindo mesmo, de cair o queixo. Tanto é que os locais vão lá passar o tempo livre quando podem.
Nossos queridos tiveram que ir embora e combinamos nos encontrarmos em Natal assim que possível.
Depois de tantos amigos, atividades e tempo, voltamos a nos dedicar ao leme. Obviamente, os materiais não haviam chegado ainda da Nova Zelândia. Claro, só passaram 5 meses...
Por compromissos assumidos no Brasil e voos marcados, não pudemos esperar nem os materiais nem nossos queridos amigos da Família Schurmann, que estavam para chegar. Uma pena de verdade! Seria maravilhoso reencontrar o Vilfredo, Heloisa, David, Wilhem e os novos integrantes da família.
Um casal de amigos kiwis topou levar o Pajé pra Nova Zelândia, onde está agora no seco, num estaleiro para receber merecidas manutenções (gerador, janelas e gaiutas vazando, reforçar os pés de galinha, tentar mais uma vez consertar o sistema hidráulico do leme, refazer mais um leme, etc, etc etc etc etc).

Ainda bem que temos muitos bons amigos por lá, os quais já estamos atormentando pedindo ajuda : Russell, Karin, Hugo, Gi, Lucas, Sandra. Salve salve os amigos, sempre o melhor de tudo, não importa onde se esteja!





































Um comentário:

  1. Beautiful pictures! As a sailor, we have the advantage of seeing the best remote locations.

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