Raiatea, Ilhas Sociedade. Pois é, ainda estamos por aqui, na
maravilhosa Polinésia Francesa.
Voltamos para o Pajé no início de abril, e após quase uma
semana de limpeza e preparações, recebemos a Camilla e Leandro em sua lua de
mel. Filha de nossos queridos amigos, pensamos que o melhor presente seria uma
temporada conosco por aqui. Claro que eles teriam que aguentar minha chatice,
mas nada nesse mundo é perfeito.
No final, foi um presente para a gente. O Leandro se revelou
um marujo aplicado, companheiro na cachacinha. Também nos ensinaram a jogar
truco, até então uma lacuna em nossa formação cultural.
Para mim foi uma experiência quase transcendental, pois cada
vez que olhava a Camilla via o Flavio e/ou a Susi (os pais). Os sem vergonhas nunca
nos visitaram - não tiveram tempo, coitados, só estamos no barco há 10 anos...
Bem, a Polinésia Francesa fez bonito, como sempre. Curtimos
muito Moorea, Tahaa, Bora Bora. Finalmente conseguimos mergulhar com as arrais
mantas, um arraso.
Os pombinhos nos deixaram e foram terminar de ajeitar a nova
casa e iniciar uma nova fase. Felicidades, voltem logo!
Outros pombinhos estavam nos planos agora: Kauli e Nana, que
havíamos encontrado em Galápagos e convidado para fazer a perna Polinésia –
Tonga conosco.
Estávamos em Bora-Bora, obviamente o vento para voltar a
Papeete estava contra, tínhamos uma data para encontra-los e, durante a
navegada, um dos motores sofreu com o combustível sujo. Aquelas noites que vc
prefere esquecer.
O importante é que nos encontramos na data e local combinado
e embarcamos toda a tralha: pranchas, mastros, velas, remos, drones, câmeras,
tripés e o Janjão, compadre gente boa responsável pela captação das imagens.
A turma chegou junto com o primeiro grande swell deste
inverno e o barco balançou como nunca na ancoragem em Papeete. Fizemos compras,
reabastecemos e nos mandamos pra Haapiti, em Moorea, tentar as ondas. O passe
estava complicado e tivemos que monitorar as series para entrar no momento mais
apropriado (na saída foi a mesma coisa, quando entravam as ondas maiores o
passe fechava... meda...).
O Kauli se esbanjou, detonou bonito as esquerdas de Haapiti.
E quase detonou a gente também, de bote no passe, tentando obter os melhores
ângulos. Maior que as ondas só os olhos arregalados da Nana e do Janjão quando
o motor do bote morreu justo quando uma serie cabulosa entrou... aguenta
coração. A única vítima foi um drone, que mergulhou e lá ficou.
Como o tempo e o vento ainda estavam bastante instáveis,
fomos a Oponohu esperar uma janelinha para a navegada até Raiatea. Reencontramos
o Markus e a Cathy do Itusca e conhecemos o seu recém-nascido Kai, quanta
alegria. Muitos mergulhos com arraias e tubarões e a descoberta que tínhamos um
vazamento de óleo num dos motores, através de um selo/vedação de acesso muito
difícil. Aiaiai, pensei, lá vamos nós...
E lá fomos nos. Viemos a Raiatea e, claro, dois malditos
parafusos não queriam sair de jeito nenhum. Conseguimos um mecânico, etc e tal
e ao cabo de alguns dias – com a tradicional frustrante procura por pecas
impossíveis de se encontrar – tudo foi resolvido.
Entrementes, fomos a um passe com ondas mumuzinhas e, com o
estimulo do Kauli, consegui pegar umas ondinhas. Peguei mais ondas naquele dia
que nos últimos 5 anos, nada como boa companhia.
Conhecemos nas ondas o Tutaina, o típico polinesio –
simpático, sorridente e super hospitaleiro. Daí foi um passo para ele nos levar
a uma exposição de artesanato das Ilhas Austrais e ao marae Taputapuatea, o
mais importante da Polinésia Francesa, lugar da reunião dos chefes políticos e
religiosos da antiguidade. Como o Tutaina é o repórter da TV polinésia para as
ilhas de sota-vento, aproveitou e entrevistou a Paula durante o evento. Tenho
certeza que o canal bateu recordes de audiência!
Ele também nos deu uma aula sobre as tradições e ritos, da
importância de se visitar o marae quando se chega a uma ilha e pedir proteção,
sentir e receber o manah, a energia divina. Ele nos conduziu pelo marae, e de
mãos dadas, fez uma prece em polinesio. Foi de arrepiar e quando percebi que
ele estava com lagrimas nos olhos, desabei e chorei muito também. A Paula veio
no embalo.
Não canso de admirar este local, seu povo e cultura. Que
coisa linda! Mauururu Tutaina!
Agora, estamos de olho na previsão de tempo e nos preparando
para zarpar para as Ilhas Cook e depois, Tonga. Ainda bem que ainda teremos um
tempinho para continuar aproveitando as maravilhas da natureza e cultura
polinésia, já que Cook e Tonga também fazem parte desta grande nação.
Inté.
foto: Camilla e Leandro |
foto: Janjao |
imagem: Nana e Kauli Seadi |
imagem: Nana e Kauli Seadi |