domingo, 25 de agosto de 2013

Islas Perlas - ago/13

As Islas Perlas são jóias! Ou que tal: são um tesouro? Ou pior então: são verdadeiras pérolas! Desaforo começar com trocadilhos fraquinhos assim né? Mas o fato é que fomos surpreendidos e estamos muito bem impressionados com estas ilhas. As praias são lindas e, com as grandes variações de maré, mudam constantemente ao longo do dia. A água tá clarinha e quente e há muita vida. Avistamos baleias com uma frequência incrível. Mesmo a noite, ancorados, muitas vezes se aproximam tanto que podemos escutar seus borrifos.

O quarteto Sanchez (não são interpretes de música clássica, mas não deixam de ser uma família muito afinada) - nossa, mais um trocadilho infame, desculpem – enfim, esses quatro compartilharam conosco um pouco deste lugar e também ficaram impressionados com a quantidade de baleias. Antes de desfazer as malas já haviam avistado algumas e logo a seguir, a caminho da primeira praia, o Carlos fisgou um belíssimo dourado. Nessa mesma noite o Diego e Felipe se espalharam no trampolim para contar estrelas cadentes. A única coisa que faltou foi aparecer uns golfinhos, fica pra próxima Arlete. Em algum lugar do Pacífico, combinado? Afinal o Felipe e eu ainda não terminamos a sessão de piadas...

Começamos o relato com coisas boas e vamos agora ao inevitável resto: mazelas náuticas, ou a tirania da má-nutenção, nosso tema predominante. Sádicos, preparem-se para o prazer. Masoquistas, preparem-se para a inveja. Mas peraí: se ter inveja é sofrer e masoquista gosta de sofrer, então inveja é prazer! Logo, Pajé orgulhosamente apresenta para o prazer de sádicos e masoquistas, mais um capítulo da sofrível (ui, mais um gracinha, não resisti) saga das coisas quebradas a bordo.

Para começar, demos uma topadinha de leve numa marvada e sorrateira pedra submersa, tsc tsc tsc. Depois o Pajé aprontou uma das suas e desalinhou novamente os lemes. Não bastando, a transmissão do motor de bombordo travou (a do motor de boreste já havíamos $ub$tituido alguns meses atrás). Assim, de repente, sem mais nem menos, sem eira nem beira, sem preliminares, prólogos, prolegômenos ou aviso prévio nos vimos sem um dos motores e com o timão inoperante. E óbvio que estávamos numa ilha. Valente, fui tirar a transmissão. Fui vencido por uma chaveta emperrada. Passou-se uma semana até que a transmissão fosse retirada, enviada a cidade e volta$$e a bordo. Conseguimos instalar e navegamos para a cidade improvisando no leme.

Esse negócio dos lemes desalinharem nos tirou do sério de vez. Para acabar com o problema resolvi tirar as válvulas de sincronização do sistema hidráulico (um amigo entendido me disse que as mesmas é que causam o problema). Mandamos fazer mangueiras e conexões novas e claro, no dia que instalei e fui testar apareceu um vazamento que não existia. Resignado e resoluto, limpei a lambança de óleo (com farinha, grande dica do Guga) e encomendei mais uma mangueira e conexão. Em seguida, ao instalar e testar, apareceu um vazamento em outro lugar. Mai$ uma mangueira etc. Instalei e? Vazamento em outro lugar! Cacildaaaaaa! Deu! Agora vamos trocar todas as mangueiras e conexões. Neste empobrecedor processo tenho estado muitas horas, dias inteiros imerso em lugares impensáveis e em posições impossíveis lambuzado de óleo, sangue, suor e lágrimas. Aguardem, as novas mangueiras chegam em breve, vcs serão informados.

Toda boa novela deve ter diversas tramas paralelas. Vamos as nossas. Quando chegamos aqui na cidade, felizes com nossa improvisação no leme e a transmissão consertada, a Paula foi descer a ancora e nosso guincho repentinamente gemeu diferente e vazou seu óleo. O pobre já estava com dois outros problemas -falência múltipla de órgãos seria o diagnóstico mais apropriado- e também desisti de tentar arrumar. Muito caro e iriamos continuar com um guincho velho. Assim, dor, encomendamos um novo.

Outra trama paralela? Aquela topadinha na pedra entortou levemente o eixo do leme. Retiramos, consertamos e recolocamos no lugar. Neste processo, ao mergulhar, dois mini e miseráveis caranguejinhos entraram no meu ouvido. Foram expulsos com algumas gotas de álcool e nem morreram os abusados, saíram correndo (bêbados, imagino) pelo convés!

Mas as membranas do dessalinizador finalmente pararam de vazar, agora só falta uma gotinha na válvula de pressão...

Movimentada nossa novela não? E tudo isso nos últimos 15 dias!

Aí me perguntam como tá de peixe em Las Perlas, se estou mergulhando e pegando muitos... Fantasticamente ainda não mergulhei uma única vez. É mole? Claudião, estamos te esperando para começar a temporada, deixa de enrolar e venha logo.

Mas tá tudo bem, o saldo (não na conta bancária) é positivo. Padeço de maneira sub-humana e merecidamente desço ao subsolo da ignomínia. Paula, entretanto, espírito evoluído e cada vez mais linda, inteligente, sensual e maravilhosa aperfeiçoou uma receita de ossobuco que faz tudo valer a pena e ainda lançou-se em nova carreira artística: produtora de vídeos. Confira os links.

Inté.




foto: familia Sanchez





foto: familia Sanchez
foto: familia Sanchez






foto: familia Sanchez








quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Canal do Panamá e Islas Perlas - jul/13



A volta ao Panamá teve a animada companhia do Alex em suas férias de julho. Machucado, ele não pode vir nas férias de verão, mas agora o mês prometia: começaríamos com o transito do canal do Panamá!

Antes tivemos alguns dias em Porto Lindo/Isla Linton e Isla Grande para prepararmos o barco, passear nos manguezais e esquiar. O Ali esquiava próximo a praia da Isla Linton e alguns amistosos macacos acompanhavam correndo pela praia. Também foi bom assistir a vitória do Brasil sobre a Espanha ao lado de amigos espanhóis e brasileiros.

O Alex Ufer e o Sergio, companheiros de navegada há muito vieram do Brasil especialmente para nos acompanhar no Canal. O transito é sempre impressionante e a companhia do filhotudo e amigões tornou tudo ainda mais emocionante. Obviamente tivemos aqueles imprevistos de última hora, o canal mudou a data na véspera e tivemos que improvisar um tripulante aos 45 do segundo tempo. O Cristiano, italiano brasileiro que também está circulando por ai em seu veleiro com a Eliane nos salvou quando um dos tripulantes furou poucas horas antes do encontro com o piloto do canal. Aproveitamos o dia parados na marina para fazer uma longa caminhada até o Forte San Lorenzo, na foz do rio Chagres. Além das ruínas, macacos por todo o lado na floresta durante o caminho.

Apuros a parte, a passagem ocorreu de maneira impecável e todos aproveitaram muito. Eu fiquei meio na roubada, pois acabamos ficando no meio de dois outros catamarãs e tive que caprichar na pontaria e no controle pra ninguém esbarrar nas laterais. Tivemos a confirmação que estava justo demais mesmo no dia seguinte, quando os pilotos não uniram os três cats novamente.

A entrada no Oceano Pacifico foi celebrada com muitos brindes e os devidos tchibums em La Playita, vazia nesta época. Entre fevereiro e abril geralmente está lotada de veleiros prestes a cruzar o Pacifico.

Depois de algumas lautas refeições em terra nossos amigos partiram. Curtimos um cineminha e fomos com o Ali para as Islas Perlas. Muitas, muitas baleias e golfinhos.

Em nossa primeira noite ancorados estávamos jantando e ouvimos um borrifo e lá estava uma jubarte passeando ao nosso lado. Todos os outros dias avistamos baleias e golfinhos. Grande parte das baleias está acompanhada dos seus filhotes.

A variação da maré aqui é bem grande e as praias ficam gigantes e depois desaparecem. Além de muitas sessões de wakeboard o Ali também arpoou seu primeiro peixinho. E, pasmem, não jogamos futebol desta vez!

O filhão voltou para SP e nós voltamos a rotina de cuidar do barco. Sabem aquele dessalinizador? Então, uma das membranas não parava de vazar, apesar de ter tentado tudo. Entreguei os pontos e enviei ao fabricante ($$$) e voltou sem vazamento. Nem preciso dizer que a membrana que ficou, a que estava boa, começou a vazar antes mesmo da outra voltar do conserto.

Ou seja, continuamos com um vazamento no dessalinizador. Na realidade, dois, já que a válvula que regula a pressão também começou a pingar em cima da bomba de baixa pressão.

Mas não há de ser nada. Nos intervalos, como agora, viemos para as Islas Perlas com suas praias lindas, aguas transparentes e nossas amiguinhas baleias por todo o lado. Vou tentar espetar uns peixinhos, pois a Paula está humilhando com a pesca de corrico. Basta levantarmos ancora e lá vai a linha pra agua. E lá vem peixe bom. Pronto, fiquei obsoleto mesmo!