Muitas semanas se passaram, meses até. Mas sei que ninguém
sentiu falta do blog atualizado. Só a Paula. Manda quem pode, obedece quem tem
juízo, logo escrevo.
Outra coisa que sei é que alguns poucos se interessam por meus sofrimentos intermináveis tentando manter a
jangada razoavelmente em ordem. A novela da máquina de lavar bateu recordes de
audiência, minha impressão é que algumas mulheres compartilharam a dor de seus
maridos, tão comovidos ao ler a triste saga. Diversas mensagens de apoio,
sugestão e chacota chegaram a nossa redação. Obrigado a todos e por favor
entendam que não pude responder por estar ocupado com o dessalinizador, que
continua vazando.
Nesse interim
saímos de Guna Yala/San Blas. Foram praticamente dois anos por lá. Pouco
tempo para aproveitar um lugar tão próximo ao paraíso. Imperdível, mas estava
na hora de seguir adiante. Pudemos observar a rápida mudança que o lugar e
sociedade Guna estão passando. A abertura de uma estrada até Panama City
acelerou o processo. Agora todos os finais de semana trazem centenas de
turistas que transbordam pelas ilhas, ainda sem estrutura adequada. É a velha
história, todos tem o direito de aproveitar: os turistas a beleza e, os Gunas, a
oportunidade de aumentar sua riqueza. A questão é como fazer isto de maneira
sustentável e sem agredir a natureza e cultura nativa. Vamos ver...
A caminho de Puerto Lindo, o selo mecânico começou a vazar.
Tivemos que parar numa marina por uns dias pra resolver. Em seguida chegaram
Deby e Lucio em uma rápida escapada romântica. Alem do prazer de rever velhos
(o Lucio, a Deby é um piteuzinho) amigos, conhecemos melhor a região. Uma mata
verde intensa, água limpa e praias lindas.
Fizemos um pequeno cruzeiro até Porto Belo, curtimos muito
uma ancoragem chamada Playa Blanca e um passeio de bote num mangue desbundante.
Um braço de mar que avança pela mata, a água estupidamente
cristalina e rasa. Show!
Sozinhos novamente fomos a Bocas del Toro, uma região no
extremo oeste do Panamá, já na fronteira com a Costa Rica. Lindo também. Uma
geografia e natureza muito diferentes de San Blas. Muitas ilhas, baias, rios e
mangues. O lugar é famoso também pelas excelentes ondas durante o inverno.
Num belo dia aparece no barco o Lyo, brasileiro que está
morando por lá. Figuraça e super atencioso nos convidou pra almoçar na casa dele,
um pequeno paraíso em frente ao mar. Seguiram-se inúmeros almoços, - um deles com o Zanella do Guga Buy e amigos - jantares e
encontros durante todo o período que estivemos por lá. Muito papo furado,
cachacinhas e jogos de tranca. Faltou a outra Paula, a amada do Lyo que vai
chegar do Brasil a qualquer momento. A revanche da tranca está marcada pra as
Islas Perlas.
E pra fechar com chave de ouro a estada em Bocas tivemos um
sessão de mergulho com os Maltas (Mario e Letícia) e os Rodrigues
(Rodrigo, Raquel e Felipe), grandes apreciadores do mar e natureza. Aliás, os
MMs e RRs tiveram um pouco de pena da Letícia e da Paula, que não tem nomes tão
combinandinhos como os nossos – Mario Malta, Mario Maia, Raquel e Rodrigo
Rodrigues. Jovens e bem sucedidos empreendedores, a cara do Brasil que está dando certo.
Destaque pro Felipe, garoto impressionantemente educado e
gentil: bom dia tia, dormiu bem? Ou - Felipe, dormiu bem? Bom dia tio, sim,
dormi muito bem, obrigado. E vc? E tudo com uma calma, doçura que a gente se
deliciava ao conversar com ele. Quando penso no meu monstrinho...
Passamos bons momentos ancorados em Cayo Zapatilla e Cayo
Coral e fizemos muitas incursões em busca dos peixotos. Aos finais de tarde dávamos
risadas com o exímio contador de causos Rodrigo, histórias que se tornavam
ainda mais saborosas acompanhadas pela cachaça especialíssima que ele trouxe.
A volta a Porto Belo foi marcada por uma noite recheada de
raios, que meda. Tivemos meda também dos congestionamentos cada vez mais
terríveis em SP, onde passamos vinte dias antes de retornar ao barco. Mas valeu estar no Brasil nesse fabuloso momento das manifestações. Coisa linda!
Próximo capitulo – Canal do Panamá e Oceano Pacifico.