Fizemos um passeio de carro com o Marcello e Hugo procurando um pico para velejar e entramos num território Maori (terra que pertence aos nativos daqui). O pessoal nem retornou os nossos cumprimentos, uma pena tamanha agressividade. No caminho atravessamos uma área em incêndio e vimos os bombeiros lutando para combater as chamas. Mas velejo de kite que é bom, nada!
Nessas o final do mês veio chegando e a Paula foi ao Brasil buscar o Ali, aproveitando para passar seu aniversário e Natal com a mãe, com direito a mega festa surpresa com as melhores amigas presentes. Foi a segunda festa, pois já havíamos comemorado com outra festa surpresa na casa da Silvana. Em São Paulo, além das festas familiares, caiu forte na balada e quebrou tudo como de hábito.
Não sei porque, mas toda vez que ela viaja volta tão cansada, tadinha... deve ser o stress.Fiquei sozinho e choroso, porém muito bem alimentado, já que além das filadas de bóia no Beduina ainda arrisquei na cozinha e me superei na confecção de esmerados pratos. Até fotografei, inclusive para provar a Paula do que sou capaz, homem emancipado e praticamente auto-suficiente.
Mas a brincadeira maior ficou por conta da instalação de uma nova bomba de alta pressão para o dessalinizador, já que a antiga era 12V e consumia uma energia absurda para um rendimento medíocre. Pedi ajuda ao Bob e ele concebeu um suporte engenhoca que nos custou alguns dias de idas e vindas, medições e ajustes, mas ficou uma tetéia no final.
Com as tarefas de manutenção terminadas me dediquei as tarefas domésticas: lavar roupa, limpar e arrumar o barco, fazer compras, etc, etc. Até um prato preparei para a festa de Natal com a brasileirada na casa da Silvana.
Nessa fatídica noite, costumeiramente reservada as famílias e aos mais nobres ideais humanos, fui vergonhosamente assediado pelas lindas e vorazes mulheres presentes. Ao perceberem o piteuzinho vulnerável e desprotegido atacaram impiedosamente, fazendo as promessas mais desvairadas, loucas e delirantes, pondo a prova minha inabalável fidelidade. Enquanto passeavam seus olhos gulosos pelo meu corpinho torneado e tentavam me apalpar, mentiam como de costume: nunca haviam sentido nada igual antes, estavam verdadeiramente apaixonadas, me valorizavam e queriam pela sensibilidade, inteligência, charme e humor. Tentaram me embriagar, seduzir, usar e abandonar. Mas a Paula já havia me prevenido e dito que eu não deveria aceitar nada de estranhos e que as mulheres são todas mentirosas e fazem qualquer coisa por uma aventura.
Horrorizado deixei a ancoragem na manhã seguinte e busquei refúgio numa ilha distante, onde apertei ainda mais o cilício que constrangia minha libido e dediquei-me a depurar espírito e pensamentos, já que o corpinho permanecia inconspurcado.
Mergulhei com o João do Zazoo numas lajes próximas e nos divertimos muito, apesar da temperatura da água estar por volta dos 20 graus. A roupa de mergulho nova é ótima, e com sua camuflagem brega pareço um verdadeiro homem-rã, a própria tartaruga ninja. O João apanhou uma bela lagosta, devidamente devorada com macarrão e acompanhada por diversas cervejas.
Chegou o dia tão esperado e fui ao aeroporto de Auckland receber meus amores. O filhotudo está ainda maior e mais maroto. Ganhou uma prancha de surf e já esta descendo umas ondinhas em Taupo bay, uma praia maravilhosa. A pipa nova também já está sendo usada e treinando o futuro (tomara) velejador de kite. O futebol, claro, ainda vem em primeiríssimo lugar...
Como sempre, muita atividade.
O plano agora é fazer uma viagem de carro e acampar por aí com o Beduina. Próximo boletim a qualquer momento.
Feliz ano novo pra todo mundo!