A gente fica de olho todo dia nas fotos por satélite e previsões da NOAA. Agora mesmo o furacão Igor avança para o Caribe seguido de pertinho pela tempestade tropical Julia. Os nomes, para quem não sabe, são dados em ordem alfabética e já estão escolhidos até 2015. Antes eram usados apenas nomes de mulheres, mas nos tempos politicamente corretos que vivemos achou-se por bem haver um revezamento...
Em Curaçao, por estarmos mais próximos ao Equador, a chance de sermos atingidos por um sistema destes é muitíssimo menor, mas não custa ficar atento.
Por enquanto aqui só chegaram coisas muito boas, como a Aline (acompanhada do Guilherme, fazer o que...). Estávamos cheios de idéias e planos, que só dependiam das condições de mar e vento. O casal é tão pé quente que as condições foram ainda melhores que imaginávamos. Muito sol, mar calmíssimo e vento bem maneiro.
De saída fomos a Klein Curaçao, uma pequena ilha desabitada bem próxima. O visual do lugar é de cartão postal, praia de areia branquinha, água cristalina, tartaruguinhas nadando ao lado do barco, um farol abandonado, um naufrágio e algumas palhoças para quem quiser se abrigar do sol inclemente.
A noite, só o Pajé e dois barcos de pesca para dividir a ancoragem e as infinitas estrelas.
A tradição iniciada pelo Alex foi mantida, depois de um jantar 10 de Dna Paula fomos todos ao observatório estelar na proa.
De volta a Curaçao, o casal, juntos há 20 anos, resolveu dar uma apimentada no relacionamento e foi a cata de novas experiências sensoriais. A coisa esquentou e, inebriados, deixaram-se levar pelos encantos dos locais, beijando-os e abraçando em plena luz do dia, na presença de crianças, jovens, velhos e adultos. Foram finalmente refreados por um balde de sardinhas, a única maneira que a adestradora encontrou para convencer o golfinho a parar de beijar a Aline...
O Guilherme até que ficou de olho comprido nas sardinhas, mas no final acabou decidindo pela Aline e voltou para o Pajé onde alguns excelentes vinhos o aguardavam.
A rotina repetiu-se em Bonaire, onde chegamos depois de uma navegada supertranquila.
A diferença ficou por conta dos dias, que foram aproveitados dentro da água sempre tão azul e transparente. Vimos também um show de fogos de artifícios fantástico, muito profissional, resultado de um casamento recém celebrado.
A natureza resolveu dar também seu showzinho e mandou ver com raios e trovões (uia, que meda) e acertou uma instalação de armazenamento de óleo, incendiando um enorme tanque de nafta. No dia seguinte, enquanto navegávamos de volta a Curaçao podíamos ver as labaredas subirem dezenas de metros e a coluna de fumaça misturar-se as nuvens. Dias depois, uma chuva deixou todos os barcos da ancoragem com manchas pretas.
Como nada é perfeito, na chegada a Curaçao fomos envolvidos por uma tremenda nuvem carregada de raios (uia, que meda de novo...) e, guiados pelo radar, fizemos um pequeno desvio no meio da tremenda chuva para evitar as partes mais pesadas da nuvem.
Mas o vexame mesmo foi a pescaria: em todas essas navegadas sempre arrastávamos uma linha, mas não deu em nada. Chegamos a conclusão que somos muito melhores com saca-rolhas do que com linhas de pesca.
Marinizados e bronzeados nossos queridos amigos voltaram ao Brasil, nos deixando com os fígados inchados e uma adega ainda repleta de bons vinhos... Que missão temos pela frente agora, dar um honroso fim a essa nobre seleção. Vinhos e barcos no calor não combinam, assim de saca-rolhas em punho, aqui vamos nós!
Uma pequena reflexão pra encerrar:
Pouco tempo atrás, por recomendação do dermatologista, retirei uma pequena pinta e o exame da tal apontou melanoma in situ. Ou seja, era maligno e agora terei que submeter-me a uma pequena cirurgia e realizar uma série de exames.
Obviamente, nessas horas, pensamos em tudo e, inevitavelmente, os piores cenários nos ocorrem. Consequentemente me perguntei: se o pior acontecer, o que gostaria de fazer da vida?
Concluí que, se pudesse escolher, faria da vida exatamente o que estou fazendo agora.
Quanto vale isso?