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A velejada até Bora Bora começou bem preguiçosa, a sotavento de Tahaa. Mas quando saímos da proteção das montanhas vento e mar aumentaram. As ondas ficaram especialmente confusas, vinham pelos dois lados da ilha e ainda se espremiam no canal que separa Tahaa de Bora Bora. O vento chegou aos 25 nós e ao contornarmos aponta sudeste de Bora Bora algumas rajadas atingiam 30 nós. Mas estava um belo dia de sol e não dava pra reclamar, só 20 milhas a serem navegadas.
Há um único passe que permite a entrada no lagoon. Os imponentes montes Pahia e Otemanu dominam a paisagem e são visíveis por toda a ilha, inteiramente cercada por um enorme lagoon cuja água assume centenas de tons de verde e azul. As nuvens mais próximas ficam tintas de verde pelo reflexo da água. Até mesmo a barriga branca dos pássaros fica colorida. Diversos motus com areia branquíssima (agora apinhados de hotéis com seus bangalôs sobre a água) completam a paisagem. Em diversos locais ao redor da ilha percebe-se nitidamente o formato da cratera do vulcão que a originou. Dizem que Bora Bora é a ilha mais bonita do mundo...
Por aqui também os indefectíveis remadores e suas pirogas com flutuadores laterais. Em todas as ilhas que visitamos na Polinésia francesa os avistamos, certamente é um dos esportes prediletos. Os polinésios são em geral muito fortes e vigorosos, capazes de remar velozmente por horas. Fica fácil entender como no passado os visitantes dessas ilhas se assustavam com a aproximação destas canoas. Fica fácil também entender os nativos de outrora e suas crenças. Imagine uma montanha portentosa no meio da ilha, um monolito espetado no céu e que fizesse os ventos ficarem mais fortes a sua volta. Hoje sabemos que os ventos aceleram ao descer a encosta das montanhas, mas na época só dava pra achar que era coisa dos deuses mesmo.
Ancoramos em diversos lugares, demos nossa tradicional voltinha de moto, velejamos de kite e mergulhamos de novo (bocejo) com tubarões. Tivemos chuva, sol, ventão e calmaria. Encontramos o Silvio e a Lilian do Matajusi, brasileiros que também estão velejando por aí e já conhecíamos por email. Hugolino Bedu progride no kite a olhos vistos para orgulho da família e vizinhos. O Silvio se empolgou e também entrou na dança. Na fila: Talita e Gislayne.
Celebramos com pompa e circunstância o aniversário de trocentos anos de Dona Gislayne. Presentes, bolo, brigadeiro, salgadinhos (teve até coxinha e risoles), parabéns a você e um dueto das flautas de Talita e Silvio, um luxo!
Gostaríamos de ficar mais tempo por aqui, mas as regras de imigração não o permitem e, com a aproximação da estação dos ciclones, todo mundo está se mandando para lugares onde eles não passam. Nossos companheiros Bicho, Canela e Itusca já estão nas ilhas Cook . E é para lá que vamos Beduína, Matajusi e Pajé. A previsão do tempo está boa e queremos aproveitar, são 500 milhas até lá. Boas novas, já que ninguém terá que agüentar meu besteirol por um bom tempo.