sábado, 21 de novembro de 2009

Nova Zelandia - nov09


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Nuku´alofa, todo mundo esperando a tal janela de tempo, que chega rapidinho. Começa a debandada. Vamos parar em Minerva reef, um banco de corais distante uns dois dias de navegação. Até lá, uma velejada tranqüila. Beduína, Canela, Matajusi e Pajé resolveram dar uma paradinha. Valeu muito à pena.


Tal qual Beveridge, Minerva reef é inóspito e isolado. Águas tranqüilas e cristalinas. Muitos veleiros por lá, todo mundo a caminho da N. Zelândia. A bancada de coral é bastante extensa e rasa. Quando a maré começa a vazar inicia-se um espetáculo incrível: o nível da água dentro do lagoon desce mais rápido do que as ondas conseguem repor, formando uma pequena cachoeira.
Debaixo da cachoeirinha tinha uma lagosta, tinha uma lagosta debaixo da cachoeirinha...
Mas as lagostas eram escassas. No segundo dia passamos horas procurando em vão. Pelo menos voltamos com um belo peixe. Sempre de olho na meteorologia nos mandamos para a perna final, meras 700 milhas. A saída foi maravilhosa, pescamos um belo atum logo no passe e o vento estava perfeito. Todos os barcos voando acima dos 7 nós.


Na medida em que avançávamos para o sul o vento rondou para Sudeste e aumentou, começando a ficar desconfortável. Com os brasileiros falávamos pelo rádio, toda manh
ã e início da noite e com o resto da flotilha esporadicamente. As previsões de tempo eram analisadas e discutidas duas vezes por dia... Um frio daqueles, usávamos calças compridas (primeira vez na minha vida num barco), meias, gorros e agasalhos dia e noite. Nova Gelândia, sois fria! O que nao mudou foi o desempenho da Paula na cozinha: tivemos sushi e sashimi, pao fresco, carne assada e sobremesas variadas. Alèm disso fez toda a navegacao, analisou as previsoes de tempo que recebiamos via satelite e fazia os contatos pelo radio SSB. Agora, alem de completamente obsoleto tornei-me um fardo, sò falta ela comecar a tirar o pò de cima de mim...


Certo dia a previsão mostra uma frente de sudoeste em forma
ção e bem em nosso caminho (o que todos temiam), mas parecia não muito forte (o que todos torciam). O Pajé rumou mais para oeste para obter um melhor ângulo quando o vento rondasse, outros barcos ficaram mais a leste. O sudoeste entrou (ainda bem que como torcíamos e não como temíamos) e quando demos o bordo conseguimos rumar direto pra Opua, nosso porto de chegada. Todo mundo ajudando com motor na medida do possível e, com algum penar, chegamos todos sãos, salvos e cansados. Pelo caminho tivemos que trocar o cabo do enrolador da genoa, esvaziar o paiol da ancora que foi inundado e lamentar a perda das luzes de navegação de proa, levadas por algumas ondas mais afoitas.

Os próximos desafios seriam a alfândega e biosegurança neozelandesas, de quem havíamos ouvido misérias a respeito. Como acontece na maior parte das vezes, puro terrorismo. Os oficiais foram muito educados e não criaram problemas. Mas de fato diversos alimentos foram confiscados: ovos, feijão e grãos em geral, verduras, legumes e carnes.


Burocracias resolvidas, agora estamos envolvidos com a incrível logística de trazer nosso amado sagüi burugundum para suas férias. Nos intervalos, manutenção e churrascos! Além dos diversos brasileiros residentes em Opua, por aqui também encontramos o Sombra do Guardian, o Cristiano com o Vagabond e o João com o Zazoo. A média tem sido churrasco dia sim, dia não, chova ou faça sol, porque frio sempre faz...




quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Kingdom of Tonga - out/09


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Continuando a fase “lugares exóticos com nomes idem” viemos a Tonga, o ultimo dos reinos polinésios. Pouco mais de 110 mil habitantes ocupam algo como um terço das 170 ilhas que compõem o país, situado em um zona de grande instabilidade tectônica e atividade vulcânica. Além disso, cruzamos a linha internacional da data para chegar aqui. Ou seja, hoje aí já é amanhã aqui (ou algo assim). Poderia dizer também que estamos no futuro, que roubaram um dia do nosso ano, e mais outras tantas gracinhas e curiosidades a respeito, mas poupá-los-ei.

Fomos recebidos com muita simpatia pelas autoridades competentes. O oficial da imigração tomou café da manha conosco, comeu diversas panquecas e ainda levou as que sobraram. E pela primeira vez ouvimos de uma autoridade de imigração que caso quiséssemos ficar mais tempo não haveria problemas, era só falar com ele.

Muito bom pra quem tinha acabado de passar uma noite daquelas com ventão e marzão. Na saída de Niue tivemos um bom ventinho e Beduína, Canela e Pajé velejaram gostoso por algumas horas. Deu ate pra colocar a gennaker. Depois o vento começou a merrecar e motoramos. Mas na madrugada voltou a soprar e foi uma velejada muito boa, até claro, a próxima noite, quando o vento passou dos 20 nós, o mar ficou chato e os barcos começaram a andar demais e tivemos que diminuir o pano para não chegar de noite. Um clássico!



Além da calorosa acolhida do oficial da imigração conhecemos o Marcello e Mariana, do Bicho Papão (agora tripulando o Saravá). Já havíamos trocado alguns emails e foi daquelas amizades instantâneas. Velejando há muitos anos pelo Pacifico, os dois conhecem tudo do pedaço e nos deram grandes dicas. Passamos diversos dias muito agradáveis no grupo de ilhas Vava´u. Uma mais bonita do que a outra. Baleias por todo o lado. Filhotes brincalhões ao lado das mamães, batendo suas caudas e fazendo estardalhaço.
Mergulhamos em uma caverna submarina cujo acesso se encontra a uns 3 metros de profundidade. Lá dentro se emerge numa camara, com a luminosidade vindo por baixo, pelo acesso. Como o ar nao tem como escapar, a cada onda sente-se a pressao nos ouvidos. Coisa de louco!


Bom pra velejar de kite, bom pra mergulhar, bom pra surfar. Com os barcos amigos brasileiros por perto então, ficou tudo bom demais. Muito mergulho e kite, churrascos e jantares (um deles vendo a lava incandescente do vulcão de uma ilha próxima). Seis veleiros brasileiros em Tonga de uma só vez. Recorde com certeza. Mas esse negócio de recorde também não tem mais graça. Afinal, o caminho é basicamente o mesmo, e principalmente na temporada dos furacões acaba indo quase que todo mundo pros mesmos lugares. Melhor assim, não temos que nos separar dos nossos queridos amigos.





Numa bela tarde somos convidados para um happy-hour no megayacht Le Masquerade. A Cleide, brasileira também, e seu namorado Robert estavam por ali e quando viram os barquinhos com bandeira brasileira convidaram todo mundo. Foi muito agradável. Anfitriões fabulosos, nos paparicaram com champagne e canapés e mostraram os 55 metros do barco, todos impecáveis.

De volta aos 14 metros do Pajé começamos a nos preparar para a travessia rumo à Nova Zelândia, pouco mais de mil milhas, mas que devem ser navegadas com todo o cuidado. O tempo muda muito rápido nessas paragens, o vento sopra forte e o mar pode ficar perigoso.
Com isso em mente fomos velejando preguiçosamente até Nuku´Alofa, a capital de Tonga ao sul do arquipélago e o ponto de partida dos veleiros destinados a N. Zelândia. Como estávamos com o Marcello e a Mariana por perto foi uma beleza, nada como ter guias turísticos... Conhecemos lugares espetaculares, cada um pedia muito mais tempo, mas como sempre, quem manda é o vento e não podíamos desperdiçar a melhor época para a travessia, em geral na primeira quinzena de novembro.









Cerca de 40 veleiros estavam por ali esperando uma boa previsão de tempo para zarpar. A ancoragem predileta fica em frente a um restaurante, o Big Mama´s, que pertence a uma simpaticíssima polinésia. Aniversário da mesma com Big Party! Huhuu, é nóis nas fritas. Festa a fantasia ainda... Nooossa! Sem comentários, vide fotos...
Em seguida, veio a tal janela de tempo e zarpamos todos, esperançosos.
Próxima postagem: travessia para N. Zelândia. Aguardem.