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Nuku´alofa, todo mundo esperando a tal janela de tempo, que chega rapidinho. Começa a debandada. Vamos parar em Minerva reef, um banco de corais distante uns dois dias de navegação. Até lá, uma velejada tranqüila. Beduína, Canela, Matajusi e Pajé resolveram dar uma paradinha. Valeu muito à pena.
Tal qual Beveridge, Minerva reef é inóspito e isolado. Águas tranqüilas e cristalinas. Muitos veleiros por lá, todo mundo a caminho da N. Zelândia. A bancada de coral é bastante extensa e rasa. Quando a maré começa a vazar inicia-se um espetáculo incrível: o nível da água dentro do lagoon desce mais rápido do que as ondas conseguem repor, formando uma pequena cachoeira.
Debaixo da cachoeirinha tinha uma lagosta, tinha uma lagosta debaixo da cachoeirinha...
Mas as lagostas eram escassas. No segundo dia passamos horas procurando em vão. Pelo menos voltamos com um belo peixe. Sempre de olho na meteorologia nos mandamos para a perna final, meras 700 milhas. A saída foi maravilhosa, pescamos um belo atum logo no passe e o vento estava perfeito. Todos os barcos voando acima dos 7 nós.
Na medida em que avançávamos para o sul o vento rondou para Sudeste e aumentou, começando a ficar desconfortável. Com os brasileiros falávamos pelo rádio, toda manhã e início da noite e com o resto da flotilha esporadicamente. As previsões de tempo eram analisadas e discutidas duas vezes por dia... Um frio daqueles, usávamos calças compridas (primeira vez na minha vida num barco), meias, gorros e agasalhos dia e noite. Nova Gelândia, sois fria! O que nao mudou foi o desempenho da Paula na cozinha: tivemos sushi e sashimi, pao fresco, carne assada e sobremesas variadas. Alèm disso fez toda a navegacao, analisou as previsoes de tempo que recebiamos via satelite e fazia os contatos pelo radio SSB. Agora, alem de completamente obsoleto tornei-me um fardo, sò falta ela comecar a tirar o pò de cima de mim...
Certo dia a previsão mostra uma frente de sudoeste em formação e bem em nosso caminho (o que todos temiam), mas parecia não muito forte (o que todos torciam). O Pajé rumou mais para oeste para obter um melhor ângulo quando o vento rondasse, outros barcos ficaram mais a leste. O sudoeste entrou (ainda bem que como torcíamos e não como temíamos) e quando demos o bordo conseguimos rumar direto pra Opua, nosso porto de chegada. Todo mundo ajudando com motor na medida do possível e, com algum penar, chegamos todos sãos, salvos e cansados. Pelo caminho tivemos que trocar o cabo do enrolador da genoa, esvaziar o paiol da ancora que foi inundado e lamentar a perda das luzes de navegação de proa, levadas por algumas ondas mais afoitas.
Os próximos desafios seriam a alfândega e biosegurança neozelandesas, de quem havíamos ouvido misérias a respeito. Como acontece na maior parte das vezes, puro terrorismo. Os oficiais foram muito educados e não criaram problemas. Mas de fato diversos alimentos foram confiscados: ovos, feijão e grãos em geral, verduras, legumes e carnes.
Burocracias resolvidas, agora estamos envolvidos com a incrível logística de trazer nosso amado sagüi burugundum para suas férias. Nos intervalos, manutenção e churrascos! Além dos diversos brasileiros residentes em Opua, por aqui também encontramos o Sombra do Guardian, o Cristiano com o Vagabond e o João com o Zazoo. A média tem sido churrasco dia sim, dia não, chova ou faça sol, porque frio sempre faz...